O COMITÊ

CP 10: SOCIOLOGIA ECONÔMICA
Subtítulo: Sociedade, economia e suas múltiplas dimensões
O Comitê de Pesquisa de Sociologia Econômica (CPSE) reúne uma comunidade vibrante de pesquisadoras/es atuando no campo da investigação sociológica sobre a vida econômica desde a 13ª edição do Congresso Brasileiro de Sociologia (CBS), realizada em 2009. Em sua sétima edição consecutiva, as atividades do CPSE privilegiarão o fortalecimento e a pluralidade de sua constituição, abrigando trabalhos a respeito de organizações e instituições socioeconômicas variadas, e incorporando temáticas relacionadas às lógicas específicas dos mercados e processos de precificação, aos seus mecanismos de regulação político-institucional, e aos mapas cognitivos e morais que pressupõem as transações econômicas. O CPSE busca atrair também trabalhos sobre as relações de trocas, dos circuitos de comércio, das investigações sobre moedas e afins, dos sistemas transnacionais de produção – incluindo modelos de cadeias de valor e redes de produção, da esfera territorial do desenvolvimento e da inovação econômica e tecno-informacional, assim como se abre tanto à compressão dos efeitos ambientais, políticos e sociais das atividades econômicas, quanto à reflexão sobre os processos de transformação do Estado, de bens e mercados contestados, de processos de neoliberalização e do capitalismo.
As possiblidades teóricas e analíticas ao explorar as distintas temáticas elencadas acima fazem da Sociologia Econômica, essencialmente, uma área interdisciplinar, uma vez que recorre a alguns dos principais clássicos do pensamento social (Marx, Weber, Durkheim, Simmel, Polanyi, etc.) para realçar o enraizamento irredutível (always embbeded), cultural-cognitivo, econômico, político e social dos fenômenos da vida econômica, e constituir um locus científico próprio, situado e reflexivo, assim como aberto e público, alternativo a interpretações redutoras do sentido das motivações econômicas exclusivamente à racionalidade da ação individual.
Ademais, o desenvolvimento do campo da Sociologia Econômica ampliou o leque de temas de pesquisa, passando a incluir possibilidades investigativas cada vez mais variadas, tais como os mercados e suas instituições (financeiros, agroalimentares, de bens culturais, de trabalho, dentre outros, e o papel do Estado, finanças, agências reguladoras, agentes sociopolíticos e empresariais); a relação entre sistemas de produção e territórios/nações (governança, investimentos/res, relações interfirmas, práticas de contestação, agentes políticos); e os processos de inovação econômica (redes de geração, mecanismos de difusão e práticas de uso de bens e serviços), bem como as novas tecnologias de informação e comunicação que passaram a fazer parte do nosso cotidiano.
A reunião do CPSE no 20º CBS, em 2021, privilegiará, nesse sentido, a seleção de trabalhos, teóricos, empíricos e/ou metodológicos, de investigadora/es interessada/os na interface entre sociologia e economia, em especial enfocando os temas supracitados. A expectativa é congregar trabalhos de pesquisa dispersos pelas diversas regiões do Brasil e que expressem a riqueza e variedade de pesquisadoras/es, grupos e núcleos dedicados ao tema, progressivamente institucionalizados ao longo da própria trajetória do CPSE. Sua organicidade se materializa na centralidade da investigação sociológica sobre a vida econômica, dando ênfase às suas dimensões quanto à ação social, individual e coletiva, à dinâmica organizacional e à arquitetura cultural e institucional da esfera econômica.
A presente edição do CPSE visa, em termos temáticos gerais, discutir a variedade e dinâmica das lógicas mercantis e processos de precificação, seus mecanismos de regulação político-institucional, assim como refletir sobre os mapas cognitivos e morais que pressupõem as transações econômicas, e, portanto, seus distintos efeitos e impactos sociais na relação sociedade-natureza. Neste sentido, o tema – mercados e suas instituições, assume posição privilegiada no conhecimento da vida econômica. As trocas no mercados envolvem não apenas a disputa pelo preço (via racionalidade econômica), mas também transações entre agentes que se movem por mapas cognitivos, por interesses imersos em relações sociais e por garantias governamentais, em detrimento da pressuposição associal de um espaço de trocas impessoais, bem como geram distintos circuitos de comércios. A proposta é explorar os condicionantes socioculturais e político-institucionais, bem como o papel do Estado, implicados na formação, estabilização e transformação de mercados.
A referida edição do CPSE também irá enfocar os sistemas transnacionais de produção e sua operação nas diferentes escalas da ação social, cruciais na análise dos limites e possibilidades de crescimento econômico e da forma de integração de regiões e países a processos econômicos globais. Ao contrário das suposições sobre uma suposta convergência institucional no processo de globalização econômica, estudos sobre o tema têm contribuído para revelar a diversidade de trajetórias de empresas e territórios no processo de inserção em cadeias e redes globais. Aqui, especificamente, englobaremos as questões-limite entre crescimento econômico, estabilidade política e sustentabilidade ambiental.
Por fim, o tema – conhecimento e tecnologia, visa debater questões sobre inovação e redes de colaboração, crescimento econômico e desenvolvimento territorial, assim como dinâmicas normativas na conformação de políticas públicas. Nesse âmbito, contribuições oriundas dos estudos sociais de ciência e tecnologia e a adoção de enfoques centrados em dispositivos tecnológicos e na performatividade do conhecimento em ciências econômicas e campos correlatos têm apontado para a complexidade, caráter mediado e morfologia de rede das relações sociais de tipo econômico. Nesse sentido, também serão bem-vindas pesquisas que relacionem as novas tecnologias de informação e comunicação (TICs), cada vez mais centrais em nosso cotidiano, às formas de consumo e às relações com o Estado, potencialmente intensificadas pela pandemia do Covid-19. Por fim, o CPSE pretende refletir sobre a proposta central do 20ª CBS, Sociedade, Estado e Natureza, buscando relacionar as temáticas elencadas acima aos efeitos ambientais, políticos e sociais da dinâmica econômica, conferindo relevo analítico a conjunturas críticas e processos de transformação do Estado, de bens e mercados contestados, de processos de neoliberalização e do capitalismo, que conformam modos de vida em sociedade cada vez mais desafiadores e exigentes de uma Sociologia Econômica dinâmica e engajada.